Sendo Faro uma região extremamente turística, em entrevista ao Jornal O Algarve Económico o Presidente da Câmara Municipal de Faro, Dr. Rogério Bacalhau, mencionou quais as medidas que o Município adotou face ao combate à Covid-19, bem como, as medidas implementadas de incentivo e de apoio à economia local. De acordo com o autarca, o sentimento é de otimismo moderado perante a época de verão. «O turismo voltará a ser uma forte alavanca de recuperação da economia nacional», afirma.
O Algarve Economico (A.E) – Até ao momento qual é o impacto provocado pela Covid-19 no concelho de Faro?
Presidente Rogério Bacalhau (P.R.B) – A COVID19 é um fenómeno a nível global com implicações em todos os quadrantes de atividade. Estando Faro inserido numa região essencialmente turística, é inevitável não referir o impacto que tem em todos os setores económicos, visto que grande parte do comércio e parte dos serviços estão vocacionados para dar uma resposta de qualidade ao setor do turismo, desde a hotelaria à restauração, passando pelos transportes, cultura e animação. Até ao momento temos registados cerca de 3300 casos positivos no concelho de Faro havendo à data de hoje 41 casos ativos. Infelizmente temos a lamentar 52 óbitos relacionados com a pandemia.
A.E – Quais as medidas que o município adotou e/ou vai adotar face à pandemia?
P.R.B – Assim que começou a haver alguma informação relativa a este vírus, os serviços do município colocaram em prática algumas medidas de planeamento e antecipação, nomeadamente implementação de planos de contingência, aquisição de Equipamentos de Proteção Civil (largamente distribuídos por todos os Agentes de Proteção Civil e entidades com missão na resposta) e ações de sensibilização junto da comunidade, de estabelecimentos escolares e ERPI. Os primeiros registos de casos positivos COVID 19 no Concelho de Faro remontam a março de 2020, tendo este município sido o primeiro em Portugal a confinar um grupo de cerca de 70 migrantes indostânicos na Escola de Santo António do Alto durante cerca de 2 meses, evitando assim que a contaminação atingisse valores mais elevados na comunidade. Desde essa data, temos mantido um Posto de Comando Municipal que funciona diariamente e em permanência, em estreita colaboração com a subcomissão de acompanhamento da pandemia COVID 19, da Comissão Municipal de Proteção Civil. Paralelamente, estivemos ao lado das autoridades de saúde criando respostas de salvaguarda para proteger as pessoas, cedendo instalações, transportes e equipamentos sempre que necessário. Para além disso, fizemos também um grande investimento para dotar as entidades do meio associativo e as próprias empresas de equipamentos de proteção individual e fornecemos álcool gel um pouco por todo o concelho.
A.E – Em que medida é que o setor do Turismo, do Comércio e dos Serviços foi afetado pela pandemia, em Faro?
P.R.B – Enquanto capital da principal região turística do país, e fruto do aumento do peso do setor turístico na economia concelhia ao longo dos últimos anos, Faro foi inevitavelmente afetado pela pandemia. O setor do turismo (alojamento, restaurantes, atividades de animação, transporte, entre outras) foi fortemente abalado, com as taxas de ocupação das unidades hoteleiras a registarem valores muito baixos. Situação que, naturalmente, se fez sentir na economia local em particular no comércio, serviços e até na pesca e no marisqueio.
Faro, desde 2012, mais que duplicou o número de hóspedes e dormidas nas suas unidades de alojamento, tendo terminado 2019 com mais de 600.000 dormidas e cerca de 315.000 hóspedes, pelo que facilmente se perceberá o impacto que a ausência destes hóspedes provoca nas nossas empresas.
Ainda assim, acreditamos que a resiliência dos nossos empresários e as medidas que o Município adotou, de incentivo e de apoio à economia local, contribuíram para mitigar os efeitos da pandemia, em alguns setores.
A.E – Como perspetiva a época de verão?
P.R.B – O sentimento é de otimismo moderado. Numa perspetiva global, o processo de vacinação em Portugal e no resto da Europa está em curso. Já sabemos que os ingleses, os alemães e os outros países da Europa permitem a deslocação dos seus residentes a Portugal, o que levará a um aumento significativo do número de viagens.
Ao nível local, os nossos empresários fizeram um esforço significativo para se manterem abertos apesar de todas as dificuldades que atravessaram no último ano, o que merece o nosso penhorado reconhecimento e continuamos a receber novos investimentos no setor turístico, como é o caso do 1º hotel de 5 estrelas, que abrirá em Faro no mês de junho. Entretanto, desenvolvemos produtos que nos diferenciam e permitem o usufruto do destino sem grandes aglomerações, como é o caso da nossa Ria Formosa e das nossas ilhas-barreiram, do turismo rural com oferta de grande qualidade e do nosso património histórico. De resto, continuamos a oferecer uma gastronomia que não tem igual, e que se afirma com cada vez mais qualidade, recebemos cada vez mais turistas que percorrem a Estrada Nacional 2 e terminam em Faro e não deixamos de procurar dinamizar as atividades ligadas à nossa estação náutica e ao turismo de natureza.
Por outro lado, apraz-nos verificar que existe grande preocupação e zelo por parte das empresas relativamente às questões sanitárias, cumprindo as regras definidas nessa matéria, com o maior respeito pela segurança dos clientes.
Por tudo isto, pensamos ter razões para estar otimistas e acreditar que, tal como aconteceu no passado, o turismo voltará a ser uma forte alavanca de recuperação da economia nacional.
O Algarve Económico
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