O Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Dr. José Carlos Rolo, em entrevista ao Jornal O Algarve Económico, revelou os vários efeitos que a pandemia provocou no município bem como as medidas implementadas no combate à mesma. Relativamente à época de verão o autarca afirmou que, o município de Albufeira vai continuar a receber todos com excelência, mesmo ainda sob a ameaça do século.
O Algarve Economico (A.E) – Até ao momento qual é o impacto provocado pela Covid-19 no concelho de Albufeira?
Presidente José Carlos Rolo (P.J.C.R) – A pandemia por Covid-19 provocou vários efeitos no Município de Albufeira, desde uma recessão na participação democrática de todos os munícipes nas diversas instituições, serviços e ações, até a uma quase paralisação da economia, que vive maioritariamente do Turismo. O FMI chamou-lhe “O grande confinamento”, eu chamo-lhe “o grande apagão do ânimo dos cidadãos”. Foi um período triste, tenso e de grande preocupação. Como autarca, entendi que não poderíamos ficar meramente no papel passivo de quem é acometido por um abalroamento no seu sentimento democrático, que passa pelo direito à alimentação, à educação, a uma casa e à dignidade, pelo que em finais de fevereiro de 2019 tomámos diversas medidas profiláticas. Em março encerramos o atendimento presencial dos serviços municipais, mas as equipas dos diferentes departamentos estiveram sempre ativos a dar resposta aos munícipes, via online. E foi uma verdadeira espiral de ações de apoio a todos os sectores. Permitiu-nos esta fase também reequacionar medidas novas, registar o verdadeiro grau de vulnerabilidade de algumas áreas e repensar, de modo diferente, o futuro.
A.E – Quais as medidas que o município adotou e/ou vai adotar face à pandemia?
P.J.C.R– Encetamos centenas de medidas, desde o apoio às estruturas regionais de saúde, fornecimento de materiais e medicamentos, alojamento para profissionais de saúde e de segurança, até à parceria com o ABC para prevenção e tratamento, especialmente em lares e centros de apoio. Houve distribuição de EPI à população e garantimos a realização de testes. Falava-se que era um vírus que atacava especialmente as faixas etárias mais avançadas, mas a realidade dizia-nos outra coisa. As crianças e os jovens foram apoiados com equipamentos informáticos para não perderem as aulas, foram 110 portáteis para alunos do secundário e 780 tablets para os do ensino básico, todos eles com ligação à internet. Moveram-se os gabinetes para apoio a crianças e famílias, quer ao nível psicológico, quer técnicos e promovida formação aos professores na área das novas tecnologias. Os apoios a estruturas associativas e IPPS do concelho cuja natureza é o apoio social foram quase incondicionais, de modo a que ninguém passasse por situações de falta de alimentação, medicação, saúde e que não deixasse de cumprir com o pagamento das despesas mensais de eletricidade e gaz. Na área da economia local, criamos um Fundo de apoio em três fases, equivalente a quase dois milhões de euros, estamos agora a iniciar o pagamento da terceira fase, isentamos os empresários de diversas taxas, não só as de consumos de água e saneamento, bem como as relativas à ocupação da via pública e publicidade, entre outras. Foram ainda celebrados acordos com taxistas, empresários da restauração e comércio local de produtos diversos, ao abrigo de um programa a que chamamos de “Município presente”, atribuindo vales no valor global de mais de 5 mil euros, para que os albufeirenses mais fragilizados continuassem a usufruir de viagens, de refeições, vestuário e outros produtos e para que, dessa forma, garantíssemos a continuidade das empresas. Os sem-abrigo foram alojados e tiveram acompanhamento por parte do CASA, no sentido de os apoiar na escolha de um novo caminho para a vida, para além de todos os cuidados de saúde, higiene e alimentação. Contas feitas, entre as quebras de receitas, nomeadamente as taxas de IMI e as que já referi e os gastos com a situação pandémica, Albufeira dispôs cerca de 20 milhões de euros.
A.E – Em que medida é que o setor do Turismo, do Comércio e dos Serviços foi afetado pela pandemia, em Albufeira?
P.J.C.R – Foi a crise mais grave desde o início deste século, seguramente. Lamentavelmente, o desemprego atingiu um pico muitíssimo alto, atingindo especialmente as mulheres. Os dados do IEFP de fevereiro de 2021, dizem que Albufeira registou 6658 desempregados, para um total de 33.459 a nível da região, ou seja, cerca de 20% dos desempregados do Algarve, ultrapassando os dados da crise verificada em 2012/2013, tendo sido, aliás, o único concelho do Algarve em que isto aconteceu, mercê da grande dependência do Turismo. Verificamos que neste trimestre, mercê das dificuldades do ano anterior, encerram 65 empresas, todas elas dos sectores que refere, o que nos posiciona no terceiro município da região com mais empresas encerradas. Fomos, pois tremendamente afetados e espero que o Governo olhe para Albufeira de um modo particular, pois continuamos a ser um local turístico de excelência.
A.E – Como perspetiva a época de verão?
P.J.C.R – Perspetivo com algum ânimo, mais positivo que a do ano passado. Continuamos a ter todas as praias com Bandeira Azul, o número de reservas aumentou nos hotéis e nos Alojamentos Locais e o sentimento económico das pessoas sofreu uma inflexão positiva. Voltamos a ter esperança e para isso também está a contribuir o nosso recente programa, o “Albufeira Safe”, assente num turismo responsável. Como tal, foi criada a aplicação APP Albufeira Safe, com informações atinentes ao uso da máscara, distâncias, limites de grupo, localização do comércio, o acesso e as regras de permanência nas praias, no sentido de garantir um turismo em ambiente seguro e onde os riscos são minimizados. Para esta campanha foi criado o slogan “Albufeira – sinta-se em casa” para outdoors, mupis e multibancos em todo o país e a mesma está a ser comunicada aos operadores turísticos na língua dos países emissores. Estamos também a fazer testagem de forma gratuita a residentes e turistas, com ou sem emissão de certificado. Vamos continuar a receber com excelência, mesmo ainda sob a ameaça do século.
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